Por Josimar Salum
Karl Barth ao escrever em 1919 seu comentário da carta de Paulo aos Romanos provocou um novo e necessário debate teológico, inaugurando um novo estilo de se fazer Teologia.
Não se buscou em princípio estabelecer novas doutrinas, mas de repensar a Bíblia como padrão de fé e prática, a salvação e a própria Igreja. Os que seguiram este caminho podem ter se afastado do consenso fundamental da doutrina estabelecida por séculos de História, mas que não causaria nenhum dano para quem conhecia Jesus Cristo intimamente.
Creio que uma fé e uma doutrina que não podem ser questionadas não estão ancoradas em Deus nem em Sua Palavra. Assim pensar, questionar, teologizar, discordar, repensar e desfazer é preciso, a Palavra de Deus permanece para sempre.
A pobreza, a miséria da ignorância das Escrituras e a falta de comunhão profunda dos pregadores nas Igrejas, que sem exporem os oráculos de Deus, Sua Vontade e Suas Palavras ao povo causaram muito dano quando muitos dos questionamentos e ensinos teológicos contemporâneos foram difundidos.
Hoje não é diferente, diferente apenas a rareza da reflexão. Repete-se a mesma coisa, piorada, pois pregadores difundem os modismos neo-pentecostais e suas práticas místicas sem nenhum avaliação, por pura incompetência, já que não conhecem a Palavra e nem Deus, para serem capazes de filtrar e não expor ao povo estas falácias impensadas, superficiais e inimigas da Mensagem da Cruz.
Por quase todo o século XX, taxada especialmente pelos fundamenalistas de "teologia liberal e incrédula", o pensamento e a razão de seus principais expoentes Reinhold Niebuhr, Dietrich Bonhoeffer, Emil Bruner, Rudolf Bultmann e Paul Tillich foram sistematizados nos livros que escreveram.
E surgiram dentro da Teologia Contemporânea as mais diversas reflexões nomeadas como segue: Teologia Existencial, Dialética, Hermenêutica, da Cultura, Teologia e Modernidade, Esperança, Política, Libertação, etc.
A Teologia da Libertação praticamente brasileira influenciou uma geração de protestantes e até evangélicos e numa medida ou outra podemos dizer que também fomos todos influenciados pelo seu pensamento, principalmente no interesse da participação política na sociedade.
"No princípio era o Verbo, e o Verbo era com Deus e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós..." (João 1:1, 14)
"Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas..." (Hebreus 1:1-3)
A Teologia Contemporânea contribuiu para a reflexão do pensamento além do religioso, ao raciocínio intelectual, à uma reflexão necessária da percepção de nossa existência no meio em que estamos inseridos, à uma leitura crítica dos agentes, elementos e processos sociais mais próximos e distantes e a uma avaliação da nossa própria Fé em Jesus Cristo e em Sua Palavra.
Há uma diferença clara entre Teologia e Revelação.
A Teologia é o esforço humano de estudar, de pensar, de dissecar Deus.
A Revelação é o simples ato de Deus deixar-se ser conhecido pelo homem.
Assim sendo, um menino em tenra idade pode vir não somente a conhecer a Deus (ser apresentado a Ele) mas a partir deste encontro caminhar com Ele.
Há diferença entre conhecer o mar e conhecer o mar.
O que anda pela primeira vez nas areias de uma praia de um dos oceanos e o que navegou a vida inteira pelos oceanos. Mesmo o último jamais conheceria o mar em sua vida.
A Teologia é infinita, os pesamentos são infinitos, mas cessam. O caminhos da Teologia são caminhos puramente humanos que podem uma vez ou outra passarem pela Revelação de Deus. Se passarem podem gerar uma transformação na vida de quem encontrou Deus.
De fato, o ladrão contrito e arrependido e o pregador que dedicou-se a vida inteira em piedade, oração e serviço ao Senhor, chegaram a conhecer a Deus plenamente. Na eternidade onde ambos se encontraram com Deus no tempo. E na eternidade sem a limitação do tempo continuam a viver com Deus.
Deve ser proibido proibir pensar entre nós. Pois embora discordamos e discordamos bem, nosso consenso jamais será possível se não somente no relacionamento e no encontro constante em Jesus, nosso Salvador, Senhor, Redentor e Rei.
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