Autor: Silas A.
Pinto (*)
Hoje nós nos
despedimos da nossa querida Rita Pires, e nós todos estamos de luto. Por isso
vale a pena refletir na continuação do pensamento de Steve Jobs acima, que disse:
“Quando eu
tinha 17 anos, li uma frase que dizia mais ou menos: ‘Se viveres cada dia como
se fosse o último, algum dia, sem dúvidas, estarás certo’. Isso causou um
profundo sentimento em mim. Desde aquele momento, e nos últimos 33 anos me olho
no espelho a cada manhã e me pergunto: ‘Se hoje fosse o último dia de minha
vida, gostaria de me achar fazendo o que estou para fazer hoje?’ Se a resposta
for não por alguns dias seguidos, sei que é hora de mudar alguma coisa.”
Em face da sua
mortalidade Jobs fez uma das declarações mais lúcidas de que a morte é uma
benção!
Alguns jamais
lerão este artigo porque muitos não entendem a morte e por isso tem pavor dela.
O absurdo é que
mesmo alguns que querem ir ao céu não querem morrer, o que é uma declaração de
uma fé inútil! Se o céu é um lugar de vida consciente, de glória e gozo
infinitos que homem algum jamais viu nem imaginou, os que nisso creem, deveriam
encará-la com serenidade e até desejar serem transplantados para tal paraíso!
No entanto, há
religiosos vendedores de ilusões, que até mesmo em face das
evidências inegáveis de uma doença terminal, fazem declarações “proféticas”
estapafúrdias, dando ordens de cura, de tomar posse, numa espécie de evangelho
de magias que me faz lembrar as histórias infantis de abracadabra.
O resultado
disso é que ao invés de ser uma passagem com grandes lições, a morte se tornou
algo aterrorizador até mesmo para muitos que se dizem pessoas de fé! Fato
interessante é que nas religiões orientais a morte é encarada com muita
naturalidade como parte do curso da vida, enquanto no mundo ocidental de
influência cristã, a morte em geral mete medo.
Apesar de suas limitações
e arroubos de monopólio da verdade, a ciência é um presente do céu, assim como
a nossa razão; e nos foram dados para serem ferramentas que nos guiem nesse
momento de grande instabilidade e confusão emocional.
Quando bem
empregada, a ciência pode antecipar a partida de alguém com pouca margem de
erro.
Tempos atrás os
médicos encontram que minha querida irmã tinha um tumor inoperável no cérebro.
Nunca tivemos um caso assim na família, o que causou grande comoção.
Depois de um
tempo, e diante de abundantes evidências científicas e uso da razão - ambos os
dons divinos - parei de orar pela cura, mas sim para que ela tivesse uma
passagem suave, e sem dores.
Quase fui
desterrado por familiares queridos. Mas aqueles que ignoraram que Deus
estabeleceu limites para a vida, e lutaram ferozmente buscando os vendedores de
ilusões de estranhas alternativas médicas e declarações “proféticas” vazias,
chegaram ao final, abalados na fé e muito mais feridos do que se tivessem entendido
as palavras de Jobs:
“Lembrar que
estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me
ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas,
orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando
apenas o que é importante.”
Por isso um
provérbio judaico diz "Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa
onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos
aplicam ao seu coração para entender os valores da vida”.
A morte nos
torna humilde, mais cheios de compaixão, e mais transparentes sobre nossa
condição de seres passageiros.
Em nossa igreja
a cada semana pedimos pela cura dos enfermos e os milagres acontecem, porque no
Cristianismo um dos nomes de Deus é “o Deus que sara; o Deus que cura”.
Mas esta mesma
fé cristã diz que a morte dos seus filhos é preciosa
aos olhos de Deus (Salmo 116).
Por quê? Porque
este mundo é um vale de dores e tribulações com espasmos de alegria, e como um
Pai amoroso, Ele deseja ver o fim da nossa saga. Portanto, a morte do ponto de
vista cristão é livramento, e finalmente partir para nosso glorioso destino
final.
A morte nos
traz profunda tristeza. Eu experimentei dias depressivos quando um sobrinho que
cuidei como filho, morreu aos 38 anos de idade, no auge de uma carreira
promissora. A morte é sempre dura ainda quando o doente é terminal, porque
fomos criados para a vida e não para morte.
Fui capelão num
hospice (lugar para doentes terminais) onde todos os dias morrem pessoas. Ali aprendi
que não há palavras humanas que possam consolar a perda de um ente querido. O
melhor que podemos fazer é oferecer nosso amor e nossa presença nessa hora dor.
Mas felizes são aqueles vivem ancorados num viva esperança de uma vida eterna
com Deus.
Amo e celebro a
vida a cada dia e não tenho planos de partir tão cedo. Mas ainda nas palavras
do nosso sábio Jobs: “Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu
conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já
está nu. Não há razão para não seguir seu coração.”
Em outras
palavras, abraçar a realidade da morte nos liberta da ambição frívola em construir
castelos na areia movediça deste mundo. É dizer que somente começamos a viver,
depois de abraçar a morte como a melhor invenção da vida!
Anos atrás
viajando por Guanajuato, antiga capital imperial do México, o guia turístico
insistiu que visitássemos um cemitério! Era um cemitério horrível, cheio de
macumbaria, tumbas de mau gosto, cruzes e velas por todo lado. No centro um
grande sombreiro revestido de pastilhas coloridas. Debaixo do sombreiro a tumba
do mais famoso compositor e cantor Mexicano, José Gimenez, autor de mais de 500
canções. Morreu aos 40 anos, rico, famoso, e amante de muitas mulheres
lindas. Sobre a tumba o título da sua música mais famosa “La vida no
vale nada”!
Nosso sábio
Jobs pensava que “ser o homem mais rico do cemitério não é o que mais importa;
ir para a cama de noite pensando “fiz algo maravilhoso” é o que realmente me
preocupa.”
Se quisermos
viver sem arrependimentos precisamos lembrar que nossa vida é como uma nuvem de
fumaça que passa.
Daqui a cinco
anos ou cinquenta anos que diferença fará aquilo que você faz ou sofre no dia
de hoje? Que será dito no seu funeral?
Meu mais alto
objetivo é crescer na medida em que envelheço. Seria honroso que se dissesse de
mim “aqui esta um homem que continuou a crescer na medida em que envelhecia!”
(*) Pr. Silas A. Pinto
Tel. 407-491-0366
Email: silasap@gmail.com
Igreja Rios de Agua Viva em Orlando, FL
CEO US Brazil Network
Email: silasap@gmail.com
Igreja Rios de Agua Viva em Orlando, FL
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