28 julho 2014

A MORTE É POSSIVELMENTE A MELHOR INVENÇÃO DA VIDA (Steve Jobs)

Autor: Silas A. Pinto (*)

Hoje nós nos despedimos da nossa querida Rita Pires, e nós todos estamos de luto. Por isso vale a pena refletir na continuação do pensamento de Steve Jobs acima, que disse: 


“Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que dizia mais ou menos: ‘Se viveres cada dia como se fosse o último, algum dia, sem dúvidas, estarás certo’. Isso causou um profundo sentimento em mim. Desde aquele momento, e nos últimos 33 anos me olho no espelho a cada manhã e me pergunto: ‘Se hoje fosse o último dia de minha vida, gostaria de me achar fazendo o que estou para fazer hoje?’ Se a resposta for não por alguns dias seguidos, sei que é hora de mudar alguma coisa.”

Em face da sua mortalidade Jobs fez uma das declarações mais lúcidas de que a morte é uma benção!

Alguns jamais lerão este artigo porque muitos não entendem a morte e por isso tem pavor dela.

O absurdo é que mesmo alguns que querem ir ao céu não querem morrer, o que é uma declaração de uma fé inútil! Se o céu é um lugar de vida consciente, de glória e gozo infinitos que homem algum jamais viu nem imaginou, os que nisso creem, deveriam encará-la com serenidade e até desejar serem transplantados para tal paraíso!


No entanto, há religiosos  vendedores de ilusões, que até mesmo em face das evidências inegáveis de uma doença terminal, fazem declarações “proféticas” estapafúrdias, dando ordens de cura, de tomar posse, numa espécie de evangelho de magias que me faz lembrar as histórias infantis de abracadabra.

O resultado disso é que ao invés de ser uma passagem com grandes lições, a morte se tornou algo aterrorizador até mesmo para muitos que se dizem pessoas de fé! Fato interessante é que nas religiões orientais a morte é encarada com muita naturalidade como parte do curso da vida, enquanto no mundo ocidental de influência cristã, a morte em geral mete medo.

Apesar de suas limitações e arroubos de monopólio da verdade, a ciência é um presente do céu, assim como a nossa razão; e nos foram dados para serem ferramentas que nos guiem nesse momento de grande instabilidade e confusão emocional.

Quando bem empregada, a ciência pode antecipar a partida de alguém com pouca margem de erro.

Tempos atrás os médicos encontram que minha querida irmã tinha um tumor inoperável no cérebro. Nunca tivemos um caso assim na família, o que causou grande comoção.

Depois de um tempo, e diante de abundantes evidências científicas e uso da razão - ambos os dons divinos - parei de orar pela cura, mas sim para que ela tivesse uma passagem suave, e sem dores.


Quase fui desterrado por familiares queridos. Mas aqueles que ignoraram que Deus estabeleceu limites para a vida, e lutaram ferozmente buscando os vendedores de ilusões de estranhas alternativas médicas e declarações “proféticas” vazias, chegaram ao final, abalados na fé e muito mais feridos do que se tivessem entendido as palavras de Jobs:

“Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é importante.”

Por isso um provérbio judaico diz "Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos aplicam ao seu coração para entender os valores da vida”.

A morte nos torna humilde, mais cheios de compaixão, e mais transparentes sobre nossa condição de seres passageiros.

Em nossa igreja a cada semana pedimos pela cura dos enfermos e os milagres acontecem, porque no Cristianismo um dos nomes de Deus é “o Deus que sara; o Deus que cura”.

Mas esta mesma fé cristã diz que  a morte dos seus filhos é  preciosa aos olhos de Deus (Salmo 116).

Por quê? Porque este mundo é um vale de dores e tribulações com espasmos de alegria, e como um Pai amoroso, Ele deseja ver o fim da nossa saga. Portanto, a morte do ponto de vista cristão é livramento, e finalmente partir para nosso glorioso destino final.

A morte nos traz profunda tristeza. Eu experimentei dias depressivos quando um sobrinho que cuidei como filho, morreu aos 38 anos de idade, no auge de uma carreira promissora. A morte é sempre dura ainda quando o doente é terminal, porque fomos criados para a vida e não para morte.

Fui capelão num hospice (lugar para doentes terminais) onde todos os dias morrem pessoas. Ali aprendi que não há palavras humanas que possam consolar a perda de um ente querido. O melhor que podemos fazer é oferecer nosso amor e nossa presença nessa hora dor. Mas felizes são aqueles vivem ancorados num viva esperança de uma vida eterna com Deus.

Amo e celebro a vida a cada dia e não tenho planos de partir tão cedo. Mas ainda nas palavras do nosso sábio Jobs: “Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.”

Em outras palavras, abraçar a realidade da morte nos liberta da ambição frívola em construir castelos na areia movediça deste mundo. É dizer que somente começamos a viver, depois de abraçar a morte como a melhor invenção da vida!



Anos atrás viajando por Guanajuato, antiga capital imperial do México, o guia turístico insistiu que visitássemos um cemitério! Era um cemitério horrível, cheio de macumbaria, tumbas de mau gosto, cruzes e velas por todo lado. No centro um grande sombreiro revestido de pastilhas coloridas. Debaixo do sombreiro a tumba do mais famoso compositor e cantor Mexicano, José Gimenez, autor de mais de 500 canções. Morreu aos 40 anos, rico, famoso, e amante de muitas mulheres lindas.  Sobre a tumba o título da sua música mais famosa “La vida no vale nada”!

Nosso sábio Jobs pensava que “ser o homem mais rico do cemitério não é o que mais importa; ir para a cama de noite pensando “fiz algo maravilhoso” é o que realmente me preocupa.”

Se quisermos viver sem arrependimentos precisamos lembrar que nossa vida é como uma nuvem de fumaça que passa.

Daqui a cinco anos ou cinquenta anos que diferença fará aquilo que você faz ou sofre no dia de hoje? Que será dito no seu funeral?

Meu mais alto objetivo é crescer na medida em que envelheço. Seria honroso que se dissesse de mim “aqui esta um homem que continuou a crescer na medida em que envelhecia!”

(*) Pr. Silas A. Pinto
Tel. 407-491-0366
Email: silasap@gmail.com
Igreja Rios de Agua Viva em Orlando, FL
CEO US Brazil Network  

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