31 dezembro 2009

UMA GRAÇA QUE POUCOS DESEJAM – PARTE VI

Categoria: Religião

DÉCIMO PRINCÍPIO

O espírito de contribuição deve estar alerta em todos os crentes afim de que não haja necessitados despercebido.

Nesse ponto de nossa exposição, nos confrontamos com os olhos, a sensibilidade e as mãos do Corpo de Cristo: os olhos vêem (I Cor. 12:21a), o coração sente misericórdia (Rom. 12:8c) e as mãos agem em socorro do necessitado (I Cor. 12:21b, 28c – socorros).

Tudo isso na perspectiva geral da contribuição como um ministério de todos os crentes. É verdade que há pessoas dotadas de especial capacidade de ver, sentir e agir na direção do socorro ao necessitado (Rm 12:8b).

A essa capacitação o Novo Testamento chama “dom de contribuição”.

Trata-se daquela pessoa em cujas mãos os dons se multiplicam justamente a fim de que sejam liberalmente distribuídos por esse cristão ungido com o carisma da contribuição especial.

No nosso contexto histórico de II Cor. 8 e 9, Paulo tenta desenvolver na comunidade de Corinto, como um todo, essa hipersensibilidade contributiva.

Por isso ele outra vez evoca aos coríntios que ficassem de sobreaviso, e assim não se vissem surpreendidos com a súbita chegada de Paulo, possivelmente acompanhado por irmãos da Macedônia.

Essa precaução do apóstolo tem por fim poupar constrangimento ou vergonha aos seus destinatários, caso a comitiva apostólica chegasse e não encontrasse a contribuição da igreja já separada após generosa participação de todos:

“Enviei os irmãos (Tito e Silvano), para que nosso louvor a vosso respeito, neste particular, não se desminta, afim de que, como venho dizendo, estivésseis preparados, para que, caso os macedônios vão comigo e vos encontrem desapercebidos não fiquemos nós envergonhados (para não dizer vós) quanto a essa confiança. Portanto julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós, e preparassem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como expressão de generosidade, não de avareza” (II Cor. 9:3-5).

Neste trecho três realidades básicas saltam aos olhos:

1. O elogio:

Paulo vinha elogiando a comunidade de Corinto em alguns aspectos. E certamente criou-se uma superexpectativa por parte dos macedônios com respeito à resposta positiva dos irmãos coríntios também na área financeira (9:3).

2. O temor:

Apesar de falar bem, e esperar melhor dos irmãos de Corínto, o apóstolo temia as conseqüências que poderiam advir de uma possível negligência deles “naquele particular (3b- 4)”.

Além disso, Paulo antevê os efeitos negativos que poderiam surgir caso essa sua suspeita se efetivasse negativamente:

- Vergonha para o apóstolo: “para que... não fiquemos envergonhados” (4a,b).

- Vergonha para a igreja: “para não dizer vós” (4c).

- Decepção para os macedônios: Tal preocupação não se declara, se lê somente nas entrelinhas e no espírito da precaução assumido pelo apóstolo-pastor. Isso porque ele sabia como o mau exemplo coríntio poderia repercutir mal entre os macedônios, a ponto de arrefecer-lhes os ânimos de contribuição e generosidade futuras.

3. A imaturidade:

De fato a cautela do apóstolo seria completamente dispensável se os irmãos de Corínto já estivessem no nível do que nós poderíamos chamar de igreja amadurecida. Na realidade, eles ainda eram meninos em Cristo (I Cor. 3:1 e 2). Por essa mesma razão a preocupação de Paulo era pertinente.

Sendo essas razões históricas pelas quais possivelmente o apóstolo antecipou à sua própria caravana de recolhimento de ofertas uma outra, fica claro que o interesse dele era ensinar aos irmãos o fato de que não deve ser necessário que as contribuições aconteçam apenas como resultados de constantes avisos, lembretes e “comitivas de constrangimento”.

Na realidade, o apóstolo julgava desnecessário que assim se fizesse (9:1). Mas como a igreja ainda não estava capacitada e amadurecida, então fazia-se necessário por precaução, que houvesse a carta de lembrança (9:3). E II Coríntios entre outras coisas é uma “carta-lembrete”, tão comum entre nós hoje em dia quando da intenção de acorda os irmãos esquecidos da graça de contribuir.

Sempre que crentes só contribuem após vários lembretes pastorais, insistentes e perturbadoras correspondências, é sinal de sua imaturidade espiritual. O alvo bíblico é que as contribuições estejam sempre preparadas (9:3c). No entanto, para que isso aconteça, é mister que a mente de cada cristão se converta da mentalidade de recepção para a atitude de doação.

Especialmente entre nós do 3° mundo ainda predomina esse “complexo de carência”, esse sentimento de receptores não de promotores. Mas é hora de convertermos nossa mentalidade. É hora de nos curarmos da doença da sanguessuga, do parasitismo missionário, da verminose que nos incha e nos impede de crescer.

Sim! Chegou a hora de aliarmos a mais atenta visão das necessidades humanas e da obra de Deus, o mais misericordioso coração e mais ampla e generosa mão. Aliás, este é o princípio bíblico:

“Ora, aquele que possuir recursos deste mundo e vir a seu irmão padecer necessidade e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (I Jo. 3:17).

Três são as palavras chaves desse processo da contribuição que se afirma como sinal concreto da presença do amor de Deus no coração do Cristo e que tem sua desembocadura na vida prática e horizontal:

1. Possuir: é uma alusão aos bens materiais, ao dinheiro ou ao poder que qualquer cristão tenha de influir materialmente sobre a realidade.

2. Vir: Esta é a palavra que caracteriza a percepção imediata da necessidade ou a informação de que a necessidade existe de maneira concreta na vida dos irmãos ou da obra de Deus.

3. Fechar: É o termo definidor de culpa dos crentes que têm recursos, sabem de necessidades – tanto na vida de irmãos, como no cotidiano da obra de Deus – e tornam-se alheios, indiferentes, ausentes e apáticos. O oposto positivo dessa atitude é o abrir do coração.

Quem fecha o coração para o amor de Deus, fecha também o bolso; quem abre o coração para o amor de Deus abre também o bolso. E ainda: quem ama a Deus tem uma resposta devocional ao amor de Deus na forma de um dadivoso amor aos irmãos. E esse amor é atento (vê), é solidário (percebe as necessidades) e é prático (socorre de modo concreto).

O resto á logorréia fanfarrista e de um falso e abominável fraternalismo esotérico e abstrato:

“Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” (I Jo. 3:18).

É esse o percurso da misericórdia que se transforma em história real de bondade perceptível e tangível:

“Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó, e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se deixando-o semi-morto. Casualmente descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. Semelhantemente um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo.
Certo samaritano, que seguia seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho, e, colocando-o sobre seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem e, se alguma coisa gastares a mais, eu te indenizarei quando voltar”. (Lucas 10:30-35).

Veja como a seqüência proposta em I João 3:17, seja para ou bem, está presente no texto de Lucas 10:30-35, acima transcrito:

I. A seqüência do mal:

1. O sacerdote e o levita possuíam algum recurso: não se fazia aquela viagem de mãos vazias ou sem um pão e um cantil de água fria (Lc 10:31-32).

Especialmente em se tratando de tão eminentes pessoas, social e religiosamente falando, como os implicados nesta parte da história.

2. O sacerdote e o levita viram o homem caído: “Vendo-o” (Lc. 10:31b,32b).

3. O sacerdote e o levita fecharam o coração: “passaram de largo” (Lc 10:31 e 32c).

II. A seqüência do bem.

1. O samaritano possuía recursos: óleo, vinho, um animal, e dinheiro (34 e 35a).

2. O samaritano viu o homem caído: “passou perto e, vendo-o...” (Lc.10:33).

3. O samaritano abriu o seu coração: “se compadeceu dele” (Lc. 10:33b).

Só que esta compaixão se transformou numa ação de enfrentamento direto, concreto e específico da situação (34-36).

O que deve ficar em nós desde o décimo princípio de Cor. 8 e 9 é que tanto os indivíduos – cidadãos do Reino de Deus – como a igreja, devem ter seus olhos abertos, seus recursos disponíveis e seu coração escancarado em misericórdia, a fim de antecipar-se sempre aos clamores mais agudos dos necessitados: sejam homens, sejam igrejas menores, sejam missões moribundas.

Minha oração neste momento é no sentido de que daqui em diante Deus nos amadureça como aos macedônios a fim de que, menos tendo pouco, socorramos os que têm menos.

Ainda somos distraídos com os coríntios, mas é tempo de nos sensibilizarmos para as necessidades do Reino de Deus.

Esta é mais uma graça de contribuir!


DÉCIMO PRIMEIRO PRINCÍPIO

A contribuição alegre e voluntária é desencadeadora de um ciclo de bênçãos.

Talvez seja este o princípio que mais alegria gera naquele que lê o seu enunciado. No entanto, ele não funciona isolado. Tudo o que expusemos até aqui na forma de princípios, acontece na estrutura de funcionamento semelhante à de uma engrenagem.

Pleitear o cumprimento deste enunciado sem ter em mente um compromisso firmado com tudo o que antes já se disse é um grande engano e que redundará num terrível malogro.

Isso por que não é necessário que se seja crente para que os nossos recursos sociais e econômicos aumentem. Jesus bem sabia disso (Lc 12:16-21).

Quando o Novo Testamento faz promessas ao homem generoso, não faz um negócio com a generosidade.

Não podemos nos esquecer de que contribuir é uma concessão de Deus a nós, é uma graça – favor imerecido – e não uma dádiva nossa a Deus.

Outra coisa que necessitamos ter em mente é que a promessa que Deus faz de prosperidade aos generosos, não é porque Seu divino coração tenha sofrido uma forte comoção ante tão grandes gestos de bondade humana. As promessas de Deus a nós são pura e simplesmente graça.

Além disso, tal realidade fica mais do que clara, pois o que Deus promete fazer – abençoando e trazendo prosperidade aos dadivosos – acontece numa perspectiva de total contraposição aos princípios e regras econômicas de multiplicação de recursos. A ideologia econômica capitalista funciona a partir da idéia de que quem tem, mais terá, ou seja, dinheiro faz dinheiro, num interminável ciclo. Mas a promessa de prosperidade que Deus faz em sua palavra aos dadivosos contraria em muito o princípio capitalista.

No enunciado divino, a coisa fica mais ou menos assim: quem muito dá, muito terá, pois quem dá aos homens com a alegria de quem devolve à Deus, receberá de Deus muito mais do que aquilo que aos homens deu.

Veja o texto de Paulo como traduz inigualavelmente esse princípio:

“E isto afirmo: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará, e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama à quem dá com alegria. Deus pode fazê-los abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre.

Ora, aquele que dá semente ao que semeia, e pão para alimento, também suprirá e aumentará a vossa sementeira, e multiplicará os frutos da vossa justiça; enriquecendo-vos em tudo para toda a generosidade, a qual faz que por nosso intermédio sejam tributadas graças a Deus” (II Cor. 9: 6 a 11).

Vale arrumar um pouco mais homileticamente esta passagem transcrita.

Senão vejamos:

I. Os exemplos ilustrativos da bênção da prosperidade:

1. A criação:

“Ora aquele que dá semente ao que semeia... também suprirá e aumentará a vossa sementeira...” (9:10a).

Nesse primeiro exemplo Paulo pensa no fato de que a prosperidade material é algo tão estranho e sobrenatural como a criação da vida.

É o princípio da criação da semente, projeto do Criador no qual a maquete da árvore está reduzida ao nível microscópico.

Que lindo!

Assim a Palavra de Deus nos ensina que a maneira como Deus pode abençoar-nos, a partir de nossas contribuições, é tão estranha e sobrenatural como a explosão da semente que se torna frondosa e frutífera árvore.

É um milagre semelhante. É o mesmo Deus que está agindo. Não se deve esperar d’Ele senão alguma coisa do mesmo tipo.

2. A semeadura:

No primeiro exemplo, alude-se ao milagre da vida. É Deus quem dá semente ao semeador. É obra de Deus.

Mas já no segundo exemplo, a referência específica é ao trabalho penoso, perseverante, resoluto e, por vezes, sacrificial, do agricultor:

“Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará, e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará” (9:6).

Nesse caso vincula-se a bênção que advém da contribuição à proporcionalidade do investimento feito com alegria:

“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama quem dá com alegria” (9:7).

O tamanho da contribuição não é metido em número, mas em proporção ao que se ganha em alegria. É um investimento. É uma ação resolvida e assumida, consciente e planejada. Isso é tão claro que Paulo usa as palavras “pouco” e “fartura” para caracterizar o investimento consciente de cada um.

O contribuinte precisa se ver como um agricultor fazendo uma semeadura, tenha ela o tamanho que tiver.

A fronteira da semeadura é sempre do tamanho da alegria de quem dá.

Quem dá por obrigação ou por necessidade, dá pouco, quem dá com alegria e sentimento de privilégio, esse dá muito.

II. A graça de dar gera uma graça em resposta:

Só se percebe esse fato quando se faz acoplagem de duas frases separadas nos versos 8 e 11:

“tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra... enriquecendo-vos em tudo para toda generosidade”.

Trata-se de um ciclo:

E assim começa tudo de novo, sem fim, sem parar jamais, com ampla suficiência, superabundando em boas obras, sendo de novo enriquecidos e assim praticando inimitável generosidade, tendo sempre...

Não é o dízimo, mas é a dízima periódica da graça que gera graça, deixando a medida do dízimo pequena demais.

Deus nos dá, por sua graça, meios concretos de contribuir.

Em seguida Ele nos faz a concessão para contribuir. O só sentirmos tal desejo já é também graça. O desejo se transforma em ação. A ação identifica necessidades.

As necessidades são supridas por nossas ofertas.

Nossas ofertas santificadas geram ações de graças naqueles que as receberam.

Essas ações de graça transformam-se em intenções de misericórdia no coração de Deus que, reverte, então, o processo sobre nós.

III. Os sub-princípios que desencadeiam o grande princípio do “ciclo de bênçãos”.

1. Alegria:

“Por que Deus ama quem dá com alegria” (9:7).

A alegria de dar é aquilo que transforma um custoso e constrangido sacrifício em liturgia celebrativa da graça divina.

Sem alegria a oferenda sacrificiosa é estúpida tentativa de agradar a Deus com aquilo que ele mais abomina: o mecanismo religioso.

2. Boas obras:

“Superabundeis em toda boa obra” (9:8b).

Não adianta apenas dar.

É preciso investir responsavelmente e em coisas que gerem obras boas e não obras más.

Com isso não estamos ensinando ninguém administrar a sua contribuição, mas a dar de maneira consciente, inteligente e responsável, a fim de que suas ofertas não estejam construindo o mal e sim o bem.

3. Distribuição:

“Distribuiu, deu aos pobres...” (9:9).

Esta citação do Salmo 112:9 nos transmite a idéia de que a justiça de quem dá aos pobres é a realidade de que, quem deu, sabia que dar aos pobres é uma questão de justiça e não de esmola.

Quem dá com esta consciência acionou um dos sub-princípios que desencadeiam o enunciado maior deste capítulo.

Por isso é que se diz: “A sua justiça permanece para sempre” (9:9b).

Quem distribui com justiça, é justificado pela graça que faz justo o homem que, apesar de injusto diante do referencial absoluto da santidade divina, pratica a justiça relativa a sua condição de pessoa caída.

IV. As grandes promessas e bênçãos aos que se moveram pela graça da contribuição:

As promessas de que o homem generoso seria bem sucedido permeiam a escritura desde o Velho Testamento.

Aliás, o Velho testamento é até mais enfático nesta proposição do que o Novo Testamento.

Dentre os muitos textos que asseveram que a atitude dadivosa redunda em prosperidade, eis os seguintes:

– “A quem dá liberalmente ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que lhe retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda” (Pv. 11:24).

– “A alma generosa prosperará, e quem dá a beber será dessedentado” (Pv. 11:25).

– “Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga seu benefício” (Pv. 19:17).

O profeta Isaías talvez seja o mais rico na afirmação poética daquilo que advém ao ser humano que solta as ligaduras da impiedade, desfaz as ataduras da servidão, deixa livres os oprimidos, despedaça todo jugo, reparte o pão com o faminto, recolhe em casa os pobres desabrigados e que quando vê alguém nu o veste e não se esconde do seu semelhante:

“Então romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti e a glória do Senhor será a tua retaguarda;

então clamarás, e o Senhor te responderá, gritarás por socorro, e

Ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.

O Senhor te guiará continuamente, fartará tua alma até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas jamais faltam.

Os teus filhos edificaram as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações, e serás chamado reparador de brechas, e restaurador de veredas para que o país se torne habitável.” (Isaías 58: 8-12).

No entanto, nossa atenção prioritária não se volta para o que a bíblia como um todo diz a respeito das bênçãos da contribuição e da entrega abnegada e dadivosa.

Nossa atenção específica está focada no texto de II Cor. 8 e 9. Pois bem, então prossigamos estudando nosso texto, a fim de descobrirmos quais são as promessas de bênçãos aos que se deixarem tocar pela graça de contribuir.

Essas promessas bem se evidenciam mediante cinco expressões que aparecem no nosso texto:

1. “Tendo sempre” (9:8). Essa expressão denota a prosperidade na perspectiva da continuidade e da ininterruptibilidade do processo das bênçãos.

2. “Ampla suficiência” (9:8). Trata-se de uma referência a satisfatoriedade da bênção. Ela é plena.

3. “Suprirá” (9:10). Alude ao reabastecimento daquele que deu, e que diminuiu seu recurso, porém suprindo o de outro.

4. “Aumentará” (9:10). Neste caso, Deus não somente dá sempre, com ampla suficiência, suprindo o necessário, mas Ele aumenta o recurso.

5. “Multiplicará” (9:10). A promessa é que Deus multiplicará o “fruto da justiça”. No contexto antecedente é “dar aos pobres” (9:9).

Neste caso, o fruto da justiça é a bênção da graça divina na forma de prosperidade material.

Não se trata apenas de ter sempre, com suficiência, realimentadamente e com adição, mas, sobretudo, com multiplicação dos frutos da justiça na forma de prosperidade.

A prova disso é a continuação do texto: “Enriquecendo-vos em tudo para toda generosidade...” (9:11).

Concluindo, devemos deixar claro, outra vez, que a bênção de Deus não é uma recompensa, um prêmio aos dadivosos. Pelo menos, não no sentido de débito.

Mesmo que o nosso dar desembocasse em pobreza real e irreversível, ainda assim deveríamos ser movidos a fazê-lo.

Jamais devemos nos esquecer da pergunta de Paulo aos romanos:

“Ou quem primeiro lhe deu a ele para que lhe venha ser restituído?” (Rm. 11:35a).

Não somos donos de nada. Tudo é de Deus. E quem se sente dono dos bens daqui jamais receberá os bens d’além. Por isso contribuir é mera devolução ao legítimo dono de tudo. É com-tribuir: ou seja, juntamente com os outros (com), pagar tributo (tribuir).

Bendita seja a graça de Deus, nosso Pai, que nos encontra em nossa pobreza e miséria e nos enriquece com amor, afim de que mesmo na pobreza sejamos generosos, e na prosperidade sejamos a encarnação da bondade divina na direção dos desfavorecidos e também das grandes causas missionárias, no projeto da propagação do evangelho a todas as nações.

Quem se moveu tocado pela graça de dar, pela mesma graça será tocado outra vez – e assim sempre terá. E assim sempre dará. E assim... será. Amém!

http://www.caiofabio.com/2009/conteudo.asp?codigo=03194

Continua...

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