Nivaldo Nassiff
"...como o agarrar-se aos mortos na memória pode nos privar da capacidade de nos entregarmos no amor aos vivos..." Miroslav Volf. O que você pensa sobre isso?
Joel Baptista
Uma situação que me intriga, é quando uma desgraça atinge uma família por exemplo, com a perda de "um" de seus membros e ouço a declaração de alguém que vive esta perda que "a vida acabou, não existe razão para continuar, etc,etc...", então penso em quem continuam vivos e partilhando da mesma família, é como se não existissem também, me pergunto sempre - Os vivos que restaram não merecem o amor e não são motivo de alento e suporte para a continuação da vida?
Josimar Salum
É que mortos não reagem e todos os que morrem, especialmente entes queridos, morrem para serem o que não foram em vida: todos se tornam bons pais, maridos, filhos, etc de tal modo que apegar-se à memória que os poetas chamam de saudade dos que foram paraliza o exercício consciente e ativo de se amar os que estão vivos ao redor que ainda podem na sua capacidade de viventes nos ofender. O cerne da questão não é amar os que são bons, mas é ter que amar aqueles que são maus. Amar bons pode na verdade não ser amor senão apenas uma simpatia para com aqueles que nos fazem bem. E amar a memória dos que foram mesmo que tenham sido maus é identificação com a própria incapacidade de se amar aqueles quando estavam vivos.
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