João A. de Souza Filho
Janeiro de 2011
Ao longo desses anos Deus tem me proporcionado viver intensamente a igreja – em seu sentido mais amplo e verdadeiro. Refiro-me a igreja de Jesus Cristo composta de todos os redimidos e salvos.
Quando falo em igreja não me refiro a igreja institucionalizada, sejam denominações ou não-denominações ou aos nomes que se dão a igreja. Sim, porque existem muitas igrejas que se dizem não serem denominações, mas agem ou mantêm uma estrutura de governo eclesiástico pior que algumas denominações. Às vezes seus poucos membros são mais denominacionais que os milhares de outra igreja que vivem sob a égide de um nome denominacional.
Vivo no meio da igreja, desviando-me aqui e ali dos obstáculos que podem me levar a tropeçar nos meandros do eclesiologismo com sua política nefanda.
Explico. Avesso que sou a toda política eclesiástica consigo encontrar no meio da confusão babilônica que hoje se chama “igreja” os fieis que não se rendem ao sistema nem apupam líderes que vivem no erro.
Conheço igrejas de vários matizes, mas posso dividi-las em apenas duas: Igrejas que priorizam relacionamentos e propósitos, e igrejas sem relacionamentos.
Nas igrejas que têm relacionamentos e trabalham com propósito, todos canalizam seus esforços para a vinda do reino de Deus, diferentemente daquelas igrejas que usam dos relacionamentos para manter seu sistema denominacional.
As igrejas que priorizam os relacionamentos não se preocupam com o que acontece nas reuniões, mas enfatizam o que acontece entre as reuniões.
Não procuram o seu próprio bem-estar, mas o bem-estar do reino!
Nessa jornada da fé percebo que algumas igrejas convidam pregadores e cantores, não porque estes sejam homens ou mulheres de Deus, mas porque precisam manter a agenda da igreja e os cultos com boa frequência.
A igreja institucionalizada – isto é, aquela que busca seu próprio interesse e se utiliza dos membros para buscar fama e poder – não valoriza relacionamentos entre os irmãos. Aliás, quanto menos as pessoas se conhecerem e andarem juntas, melhor para o sistema.
As igrejas que buscam relacionamentos anelam crescer na fé e, para tanto buscam homens e mulheres de Deus que os ajudem nesse crescimento que favorecerá unicamente o reino de Deus.
Diferentemente de igrejas que veem nos conferencistas apenas um profissional eclesiástico, e não um homem de Deus. Para este tipo de igreja os pregadores são como material descartável: Usa-se e se joga fora!
Isto permitiu a proliferação de pregadores que satisfazem os interesses da igreja institucional que estabelecem preços e cachês de profissionais; são os preletores de autoajuda, porque sabem que são tratados como profissionais eclesiásticos.
E, como são tidos por material descartável é importante que sejam descartáveis de alto preço.
É nesse sentido que as grandes celebrações das igrejas – as marchas para Jesus, o dia da Bíblia etc., que são pagos com o dinheiro público atraiam profissionais que cobram preços elevados, sejam cantores, bandas ou pregadores.
As igrejas que buscam relacionamentos agem de maneira diferente.
Querem ouvir, aprender e, depois que o pregador vai embora continuam mantendo uma amizade de amor e de ajuda, remoendo as pregações, analisando os conselhos recebidos, porque não tratam o preletor como um profissional do clero, mas como homem de Deus.
Ao contrário detestam o profissionalismo eclesiástico e mantêm vínculos com os homens de Deus tratando-os como verdadeiros profetas ou apóstolos que cooperam para o serviço do reino de Deus.
As igrejas institucionalizadas que tratam os pregadores e mestres como profissionais cumprem uma agenda de cultos para satisfazer a curiosidade de seus membros, e os programas da igreja. Convidam certos pregadores porque estes produzem coceiras nos ouvidos dos membros da igreja.
São pregadores que dizem o que o povo quer ouvir; e são valorizados porque embalam a vida espiritual do povo.
São pregadores que não deixam o povo inquieto com seus pecados, bem ao contrário, tais pregadores jamais aguçam seus ouvintes com esta palavra tão feia.
São pregadores profissionais que sabem como produzir coceira espiritual no povo, e suas preleções têm aparência de fogo de Deus, mas é palha que logo se consome e cujo fogo logo se apaga.
O verdadeiro avivamento queima lentamente as toras enquanto transforma os corações.
Desculpe-me dizer, mas o Brasil está cheio de pregadores que produzem coceiras nos ouvidos; profissionais da pregação que encontraram na igreja institucionalizada seu filão financeiro.
Sim, porque descobriram que a igreja que não deseja relacionamentos está interessada em profissionais do clero; em pregadores charmosos; em profetas que falam o que o povo quer ouvir, e, para tanto, essas igrejas estão dispostas a pagar altas somas, porque o preço é justo, mesmo sendo salgado!
E, por isso, muitos pregadores se profissionalizam como palestrantes dos mais diversos temas; não porque amam aquele povo que os convida, nem porque amam a vinda do reino de Deus, mas porque sabem que esse tipo de igreja exige que haja profissionais do clero, e não homens de Deus.
No entanto, a igreja que prioriza relacionamentos não vive à cata de profissionais para pregar em seus cultos, mas de homens com ministérios reconhecidos que lhes ajudem a cumprir o projeto de Deus na terra.
Nesse tipo de igreja os vínculos permanecem. Os pregadores convidados são bem-tratados e honrados como mestres, apóstolos, profetas e pastores, conforme a descrição de Efésios 4.11 e não como apóstolos ou profetas profissionais!
Continuo a percorrer os caminhos da igreja discernindo com clareza quando sou chamado como profissional – e sou tentado a fixar um preço – ou quando sou chamado porque meu ministério é reconhecido e considerado importante para o desenvolvimento da igreja que me convida.
Eis a diferença! Voltarei ao tema!
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